21.4.08

shuif shuif (vréuns)

fui atacada pela minha já conhecida rinite. despertada pelo inferno de humo que vivemos aqui na última semana, e que eu descobri que ninguém por aí tava sabendo de nada: o fato é que queimaram os campos como fazem todos os anos, mas aí grande buenos aires encheu de fumaca além do normal, e geral se fodeu com isso, de várias formas. no meu caso (e no de mais uma galere) foi o sistema respiratório e as reacoes alérgicas, e mesmo só saindo de máscara, pingando muito rinossoro, e tomando muita água, fiquei zuada. nada grave nem preocupante, só bem chato pra mim, mesmo. e é curioso que uma amiga minha me perguntou dessa história, entao eu achei que tava sendo noticiado aí, e que todo mundo tava sabendo de tudo, mas depois de algumas pessoas reagindo com um "de que caralhos voce tá falando?", percebi que nens. da mesma forma que por aí só se falava na menina isabella, aqui só se falava no humo. e digo mais: eu também nao tava sabendo nada da tal da isabella até ontem. é esquisito nao compartilhar das mesmas notícias que as pessoas que eu conheco. sei exatamente quem pegou quem, quem traiu quem, quem terminou com quem, e toda série de novidades fúteis da cidade de sao paulo (ou da parte dela que me diz respeito), mas nada do que dizem william bonner e fátima bernardes. estranho mesmo. hoje resolvi me arriscar e tentar fazer o gnochi do meu avo. ele tinha me ensinado por telefone ontem, fiquei morrendo de vontade, e nao perdi tempo: comprei as batatas, a farinha, e here-we-go. deu um trabalho da porra, fez uma sujeira inconcebível, e o final das contas ficou uma delícia. claro que nao tao bom quanto o dele, mas essa nao era a meta (procuro nao estabelecer metas impossíveis para evitar frustracoes desnecessárias). ficou uma delícia e eu fiz uma quantidade extremamente exagerada, o que significa que ainda vou come-lo por mais uma ou duas refeicoes, e isso é supimpa. estou esperando pelo momento em que vou deixar de ser uma total perdida no supermercado. muito sério, eu tinha uma dúvida sobre as batatas, e fui lá perguntar pro cara da balanca que pesa os legumes. perguntei e o cara disse que achava que sim, mas que era melhor eu esperar o cara certo e perguntar pra ele. "ah, ok, ele deve ser de outra sessao e tá só cobrindo aqui rapidinho, né", pensei. mas nao, quando eu me dei ao trabalho de ler a camiseta dele e prestar atencao no que ele tava fazendo lá vi que o cara era um técnico que tava consertando a balanca, mesmo. tipos que ele nao tinha nada a ver com nada daquilo, e eu lá, mega panaca, perguntando do preco da batata. ¬¬ mas eu super me esforcei pra perguntar sem sotaque e o cara me entendeu de primeira, o que significa um avanco (ou no meu español ou na simpatia dos porteños. ou ambos.). tenho que fazer um enorme trabalho sobre édipo rei, e to querendo assassinar a professora que pediu isso. é provavelmente a trilhonésima quarta vez que eu leio esse livro, mas agora em español pra dar uma leve dinamizada na coisa. nao nao, nao me interessa mais saber porque ele furou os olhos, qual é a relacao da tragédia com o destino ou com as divindades, nem qual a relacao disso tudo com a concepcao trágica da existencia, merda. mentira. o pior é que interessa sim, aí eu ainda por cima me sinto culpada por nao estar fazendo o trabalho, e por ter passado o dia inteiro cozinhando e vendo tv e definhando na minha rinite, ao inves de pegar o livro pra ler. comofas pra nao ter mais preguica? sonhei com amigos e com pessoas bizarras e totalmente avulsas, e acordei com sensacao de caos e ternurinha, paralelamente. estranho. meu corpo inteiro dói, e eu quero voltar pra cama sem ouvir no fundo da minha mente o chato do sófocles falando "voce devia estar lendo minha obra, mocinha. deixe o csi pra depois...". not gonna happen. preciso ir na farmácia, essa que é a verdade. ah, sao tantas coisas, né? vou contratar alguém pra organizar meu cérebro e meus horários, porque sozinha tá osso.

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