15.9.10

sobre desmaiar

ontem desmaiei. fazia muitomuito tempo que isso não me acontecia, de desmaiar assim, de verdade, profundo, de o corpo ficar mole e cair e eu acordar sem saber direito o que aconteceu. nem vou entrar no mérito de que foi uma situação horrível, de muito medo e muita dor, porque foi, mas eu não quero fazer desse post uma descrição dramática do acidente (só a palavra "acidente" já deu um tom dramático que eu não estava buscando). o ponto aqui é que eu desmaiei, e fazia muitomuito tempo que isso não acontecia. minha mãe disse que devo ter ficado inconsciente por uns trinta segundos, mas a minha sensação foi nitidamente de duas horas. isso é o que eu acho mais louco. você apaga de repente, perde o controle, a consciência, a força, perde tudo, se perde, e quando volta a si descobre que perdeu também a noção do tempo. e aí não to falando de quando você passa muito tempo na frente do computador vendo algum site bacana e de repente vê que está atrasado para o dentista, não é esse tipo de perda de noção do tempo. é uma perda muito mais real, no sentido de que se dissessem que se passou um dia inteiro, ou que foram só dez segundos, você acreditaria igualmente nas duas coisas, porque você simplesmente não sabe. simplesmente não saber é o que me espanta: você não sabe o que acontece com você, com o seu corpo, com as pessoas em volta, com o tempo. você simplesmente não sabe. acorda e precisa que te contem tudo que acabou de acontecer, como se você não estivesse lá. e não é como se você dormisse, também. você simplesmente sai de si e do mundo por um tempinho. quão louca é essa idéia? e acho louco também que, enquanto estava desmaiada, pensei várias coisas, várias imagens vieram na minha cabeça, várias idéias surgiram, como se eu tivesse mesmo dormido (mas não) por duas horas. e eram coisas muito interessantes, muito bacanas e de repente, opa, acordei e não tenho a menor idéia de que coisas foram essas que eu pensei (ou achei que pensei). onde eu to? ok. o que aconteceu? ok. no que estou sentada? ok. quem está aqui? ok. quanto tempo se passou? não, não pode ser verdade. foram uns poucos segundos de assimilação pós-desmaio, e a primeira e única pergunta que fiz foi "faz muito tempo?". minha mãe respondeu que não, explicou o que estava acontecendo, o que ia acontecer, e daí pra frente meu suor foi secando, o calor/frio foi sumindo, minha respiração normalizou, e meu equilibrio se manteve. o que só faz da sensação ainda mais maluca, porque num segundo você está lá, sendo você, normalmente. mais uns três o quatro segundos se passam, e no quinto você já não sabe de mais nada. mais trinta segundos, e lá está você de novo, recobrando seus sentidos, como se nada tivesse acontecido. é surreal, e minha noção do tempo ter sido balançada assim, tão de repente e tão forte, me provocou uma sensação que talvez nunca volte atrás e que talvez eu nunca consiga descrever. como pode?

13.9.10

stop blaming love

é assim: eu fico triste, acho que é o amor. mas nem sempre é. amar demais, amar de menos, ser pouco amada, muito amada, mal amada, nada disso precisa ser a causa de tudo que você sente: só se você quiser. porque também é fácil culpar o amor quando você, em algum ponto da sua vida, decidiu deixar o amor ocupar ela toda. mas isso não significa muita coisa: às vezes é só domingo; às vezes é só gripe; às vezes é família, trabalho, dinheiro, auto-estima. e mesmo quando é se sentir sozinha, quando é carência, quando é lembrar da sensação de uma mão na sua cintura e não querer nada além daquilo, o amor não necessariamente é o problema (costuma ser uma boa solução)

2.9.10

outra carta de desculpas a quem me namorou (especificamente você)

me desculpe se parece que eu surtei- talvez eu tenha surtado mesmo. desculpe se dei a entender que a culpa era tua (o problema aqui é que eu nunca sei quanto espaço quero/posso dar para o outro). desculpe também se, vendo que eu tinha mudado, confundi mudança com transformação e esqueci que eu não posso ser outra pessoa (a leveza virou peso de um momento pro outro, tirando o nosso chão- saiba que eu também fiquei sem chão). nada disso foi por falta de amor. talvez falta de maturidade, talvez excesso de várias coisas (e talvez até por excesso de maturidade). agora quero que você saiba que fico feliz em saber coisas boas de você- ainda que pela metade. e que me sinto ridícula por ter medo de me aproximar (antes era tão fácil...!).