26.11.09

cookie

eu fico inventando pretextos, mas nao sei por que precisaria de motivos pra pensar em voce. como se voce nao fosse motivo suficiente.

23.11.09

02.05.07 x 22.11.09

um dia eu reclamei, desesperada, de "sentir teu cheiro no meu lençol". mas eram outros tempos, outro cheiro, outro você. porque agora eu deito na minha cama e sinto teu cheiro no meu lençol, e vejo fios do teu cabelo no meu travesseiro e sorrio por saber que vou dormir com aquele pedacinho de você. mais ainda gosto quando sinto teu cheiro em mim, mas isso sempre dura menos tempo: o lençol fica lá pra me lembrar. a cama pode até já estar fria, o lençol pode estar seco, o quarto pode estar vazio: se o teu cheiro está lá, e se aqueles fios de cabelo estão lá pra dormir comigo, então eu durmo com você, e é quase como se você ainda estivesse aqui, em alguma dimensão. aí se saio da cama e olho pra porta do meu armário, te vejo lá, comigo. vou escovar meus dentes e no espelho também te vejo, entre meu corpo e a pia, com aquela cara (ah!). te vejo na cozinha, na mesa, na porta da minha casa, chegando com aquele sorrisinho. também fora de casa, em cada ponto da cidade onde já estive com você, passo e te vejo. mas é que dentro de casa é como se você realmente estivesse. porque as portas guardam um pouco da tua respiração, meu quarto guarda um pouco do teu suor, meu travesseiro um pouco dos teus cabelos, e meu lençol guarda o teu cheiro. e dessa vez só posso agradecer ao meu lençol e à minha casa por me trazerem as lembranças: assim você sempre dorme comigo.

14.11.09

cores de cabelo

olha, acho engraçado quando me perguntam se eu sinto saudade de buenos aires. me parece uma pergunta tão desnecessária, de resposta tão óbvia, que quase nunca entendo por que ela é feita. digo, morei um ano e meio lá, e por mais de um ano gostei muito de morar lá. fiz amigos, estabeleci relações, conheci lugares, coisas, pessoas, mundos novos. me envolvi com essas pessoas, coisas, lugares, mundos. comecei coisas, fiz planos, me diverti, sonhei, tive idéias, criei, cresci, mudei. até amei, em buenos aires. amei lugares, amei pessoas, amei coisas. amei alguns dias, amei algumas noites. fiz amizades inexplicavelmente importantes, dei muita risada e tive ombro pra chorar. aprendi um milhão de coisas, vivi um milhão de coisas extremamente novas, fui parte de uma instituição, tive um mesmo lugar pra onde ir todos os dias, fui reconhecida, fui apresentada, fui lembrada. por mais que hoje em dia um ano e meio passe em pouco mais de vinte minutos, muita coisa acontece nesse tempo. e muita coisa boa aconteceu nesse meu tempo. não sei se é possível medir algo desse tipo, mas pensando assim de fora eu diria que aconteceram muito mais coisas boas do que ruins. fui muito mais feliz do que triste, nesse um ano e meio. e independente disso, estão as vivências, que necessariamente despertariam saudade em algum momento. mas talvez por ter sido tão bom, tão grande, tão muito, a saudade seja mais forte ainda. então é óbvio, é claro, é dado: sinto saudade. e claro que isso não significa que eu quero voltar- não quero; não agora. mas acho que no fundo, quando me perguntam se sinto saudade, a pergunta que está sendo feita é essa: você gostaria de ainda estar lá? mas são coisas totalmente diferentes; não são? sentir saudade não sempre é querer viver de novo. amo minha vida em buenos aires, mas a vida que eu quero agora é essa aqui, em são paulo. apesar da saudade.

6.11.09

mas tá. eu não sei de onde vem isso.

- claro que se você for pensar na cena, é de terror. mas a probabilidade disso acontecer é muito pequena...!
- é nada. oito pontas por guarda-chuva. muitos guarda-chuvas por calçada. dois olhos.

3.11.09

de dedos estralados e canetas mordidas

vou de um cômodo pro outro, de uma ação pra outra, de uma página pra outra, mas no fundo mesmo estou sempre no mesmo lugar- naquele lugar que sou eu. e essas tentativas de ir pra outros lados, pra lados bem longes, bem úteis, bem necessários, são na verdade só um esforço pra sair desse mesmo lugar, esse que sou eu. ainda que não seja um esforço totalmente verdadeiro.