19.12.08

navidad

se tem uma coisa que eu não gosto dessa época natalina é que TUDO é natal. absolutamente tudo. as lojas, as casas, as ruas, as pessoas. e por mais que eu goste do natal - e eu gosto, é uma festa: comida, bebida, família, amigos, presentes, diversão... - todos sabemos que essa é uma data muito cafona. coisas douradas, pratadas, brilhantes, neve falsa, essas combinações de cores natalinas tão conhecidas e repetitivas, a árvore, as guirlandas, as próprias comidas. é tudo muito cafona. aí legal, a gente entra na pegada cafona da coisa e se diverte fazendo decorações, presentes, e todas essas coisas cafonas. maaaas... eu me pergunto: isso tem que durar DOIS MESES? a gente tem que ver verde-vermelho-dourado por todas as partes, bolinhas coloridas e toda série de enfeite ridículo por toda a cidade por DOIS FUCKING MESES? eu canso disso tudo em uma semana, juro. se não menos. pra mim natal é 24 e 25, e fim, 26 é dia de ressaca e tudo volta ao normal, com cores normais e sem cafonices. não, não totalmente sem cafonices, porque logo depois vem o ano novo, que é outra data cheia de cafonice. maaaaas, as cafonices do ano novo são o máximo, porque não são estéticas, são mais... emocionais. todo mundo fica sensível, faz pedidos e promessas, declarações de amor e de amizade, abraços, beijos, novas esperanças pro ano que nasce. é totalmente cafona. mas é uma cafonice da qual se pode disfrutar, porque mexe com o cafona interior de cada um de nós. o natal é um atentado à beleza, é uma poluição visual desagradabilíssima, que só é divertida por uns dias. o ano novo promove um clima cafona de espiritualidade na galere, e isso é o máximo. fora que NÉ, o reveillon é super chic, com champagne, gente bem vestida, memórias e carinho por todos os lados. ah, ano novo é tão legal. que acabe logo a cafonice natalina e comece a do ano novo!

18.12.08

"se eu fosse eu"

eu não entendo como as pessoas não se cansam da vida. não, isso não é um post com impulsos suicidas, muito longe disso. é só que a idéia de ter só essa vida me cansa muito. pensem comigo: você é essa pessoa que você é. e por mais que você mude muito, vai continuar sendo essa pessoa, com esse nome, esse corpo, esse mesmo tipo de pensamentos. não me falem de mudança de nome, cirurgias plásticas e mudanças ideológicas drásticas, isso não me interessa. há uma essência que se mantém e que faz com que, por mais que uma pessoa mude, ela continue sendo a mesma pessoa. (sem contar o fato de que a maioria das pessoas não muda de nome, de ideologia geral e de corpo. você pode mudar um, dois em casos extremos de crise de identidade, mas os três é um pouco improvável). enfim, o tema é: a gente tem essa vida, e viver nela e morrer nela são nossas únicas certezas. você pode até acreditar em outras vidas que virão depois, mas é só algo em que se agarrar, não é de fato uma segurança. aí estamos aqui, sendo essas pessoas que somos, dia após dia. mudamos nossas vidas, crescemos, aprendemos coisas novas, amamos pessoas e coisas que depois não amamos mais, odiamos pessoas e coisas que depois não odiamos mais, mudamos nosso gosto alimentício, nosso jeito de se vestir, nosso cabelo, os lugares que a gente vai. mas disso tudo sobramos nós mesmos, que ainda estamos aí, e continuamos sendo as mesmas pessoas que éramos antes dessas mudanças. e qual é o sentido disso tudo, me pergunto. tentamos mudar o tempo todo, tentamos fugir do tédio de ser uma mesma pessoa pra sempre, experimentamos coisas novas, geramos grandes mudanças nas nossas vidas, mesmo sabendo que no fim das contas vamos ser sempre as mesmas pessoas, com as mesmas memórias e pensamentos, só que mais vivências? tá, eu sei, vivências mudam as pessoas, e tudo isso como parte de um processo acaba fazendo de cada um de nós o que somos, mas essas vivências, definitivamente, não transformam ninguém em outra pessoa. não venham falar em metáforas, também. não to falando de fulaninho que fumava crack, descobriu jesus, renasceu, e agora é outra pessoa. isso não existe fora das metáforas, porque por mais que alguém renasça, mude totalmente de vida e tudo mais, continua sendo fulaninho, com as memórias da vida pré-religiosa-de-viciado-em-crack, e um corpo muito parecido com o que tinha na "vida anterior". então. voltando ao raciocínio livre de metáforas: temos só uma vida, e todos queremos fazer bom uso dela. provavelmente por isso mudamos, experimentamos coisas novas, buscamos conhecer várias possibilidades. mas por mais que façamos bom uso dessa vida, ela vai continuar sendo uma só, como uma mesma pessoa. e eu, com meus quase 19 anos, vivo me cansando disso. me canso de ser eu, de ter que pensar como eu penso, de conhecer as coisas que eu conheço, de ter o repertório sócio-economico-político-intelecto-cultural que eu tenho, de gostar das coisas que eu gosto, de ter o corpo que eu tenho, de ter o nome que eu tenho. e aí eu penso que se com meus quase 19 anos já vivo me cansando disso (e já faz uns anos que me canso, na verdade), quando eu estiver velha eu já não vou mais agüentar ser eu. e o pior de tudo, meus caros, é que eu não tenho nenhuma outra opção. e essa perspectiva me cansa tanto que me deixa exausta: morro de preguiça da simples idéia de ser eu pra sempre.