31.8.09

sem título#5

acho que eu menti, nada me conforta, solidão dói muito, e muito mais do que eu gostaria de ter que agüentar. (não é que meu dia tenha sido ruim, é quase como se isso não fizesse diferença. a cada minuto que passa eu só consigo olhar pros lados e pensar "como estou sozinha!".)

30.8.09

ora quem é que não sabe o que é se sentir sozinho?

realmente não existe nada como a solidão, e disso eu entendo bem. a única coisa que às vezes (às vezes!) me conforta é pensar que se não há nada como a solidão é porque todos sentimos, igual ou diferente. e que portanto, no fundo, somos todos iguais, sozinhos ou não. que se eu me sinto assim é porque todo mundo já se sentiu, e eu não sou mesmo especial na minha solidão. we're all alone together.

e ninguém mais

hoje me ofendi com uma coisa que ouvi. que eu talvez não entendesse bem, porque não tinha muita experiência no assunto, não tinha tido nenhum relacionamento duradouro. não sei por que me ofendi, é verdade, é verdade, é fato concreto indiscutível óbvio escancarado. mas é que olhei pra trás e sabe, aconteceu, meu olho quis chorar. nem precisei pensar, nem deu muito tempo de decidir se eu queria chorar ou não, se eu queria aquele momento de tortura. foi decidido, e eu fiquei ali sentada, quase-chorando, sem conseguir fazer mais nada. depois eu pensei, e pensei bem. olhei pra mim, e olhei pros lados. acho que talvez eu esteja procurando nos lugares errados.

21.8.09

(but...) not every heart belongs to any other

um braço dele apoiado no meu ombro, uns dedos entrelaçados nos meus, e uma boca na minha costela. uma mão dele no bolso da minha calça, um sorriso dela na frente dos meus dentes, uma música no repeat, uma barba mal-feita passando pela pele arrepiada e as minhas mãos apertando forte aquela cintura tão bonita. eu tremendo no frio, e aqueles braços me colocando pra dentro daquele casaco. eu chorando branca, com a janela aberta e a lua toda lá, no quarto, e aquele abraço me contendo, de lágrimas trêmulas e bobas. a minha perna esquerda molhada, aquela pinta estratégica. é tudo tão bonito (e talvez tão mais bonito depois), que não consigo entender porque é que agora dói tanto.

mas pode sim ser sim amado

pensar em amor me dói. não é que o amor me doa. o pensamento é que me dói. a racionalização das saudades, dos fracassos, das frustrações, das rejeições, das belezas, do quentinho, do não conseguir parar de pensar e lembrar e viver. pensar em amor me dói. e não é como se eu não pensasse. às vezes acho que é tudo que eu consigo pensar, inclusive. nem sempre estou apaixonada, nem sempre amo. mas esse pensamento sobre o amor está sempre aí, doendo.

19.8.09

cause i'll never, never sleep alone

sempre dormi abraçada no mesmo leão de pelúcia. sempre. até que um dia fui pra longe e esqueci ele aqui. ele, que era tão importante, que tinha nome e identidade, que me acompanhava já desde meus cinco anos, que me amava na sua condição de bicho de pelúcia, que sabia de absolutamente todos os meus segredos, e que era puro demais pra me ver com outras pessoas- ele nunca crescia, só eu. esqueci, como quem esquece um par de meias brancas ou uma caneta bic. quando notei a ausência, me desesperei, e logo me acalmei: alguma parte de mim queria esquecer e aprender a dormir sozinha. não voltei pra buscar, e depois de um tempo ele passou a ser meu companheiro de prateleira, como uma lembrança remota da nossa vida juntos e do amor que ainda existia. aí comprei um edredon de pena de ganso, daqueles grandes, fofos, pesados, quentinhos. além de me aquecer deliciosamente no frio de lá, eu gostava do pesinho dele. se eu enrolasse ele um pouco dava pra abraçar, porque ficava grande e confortável. e era isso mesmo que eu fazia: dormia abraçada no edredon. agora já não durmo mais com esse edredon. durmo comigo mesma, e com muitas outras pessoas. sempre antes de dormir imagino quem é que está lá comigo. as pessoas passam tanto pela minha cabeça, que às vezes durmo muitas noites com uma mesma pessoa, às vezes decido dormir com outra e depois com outra. sempre na minha cabeça. invento uma história, às vezes invento até a pessoa, e sempre, sempre, invento o amor. às vezes abraço, às vezes sou abraçada, às vezes as duas coisas ao mesmo tempo. me desfazer do leão de pelúcia não me serviu pra aprender a dormir sozinha. só me levou a me perguntar quando é que eu vou poder parar de inventar, e ter esses abraços de verdade, essas pessoas de verdade, esses amores de verdade. porque aprender a dormir sozinha pode até ser útil, mas dormir sempre sozinha não vale a pena e não tem sentido. e cansa. como um dia cansei do leão, como um dia cansei do edredon, como canso de inventar tanto.

this is not about love, cause i'm not in love.

- you really want to know?

- i really want to know.

- even though you won't be able to do anything to help?

- even if that's the case, yeah.

- okay. well, the truth is... actually... i'm in love.

(...)

- aren't you a bit young to be in love?

- no.

- oh, well, okay... right. well, i mean, i'm a little relieved.

- why?

- well, because i thought it would be something worse.

- worse than the total agony of being in love?

- oh. no, you're right. yeah, total agony.