11.7.09

sobre ir embora e depois voltar

acho estranho estar morando nessa casa, porque eu nunca fui assim aqui. morei aqui por mais ou menos sete anos, cresci um monte nesse período, passei por várias coisas, mudei, meu quarto mudou, a sala mudou, minha vida mudou, minha mãe mudou, o quarto da minha mãe mudou, o marido dela também, minha empregada querida foi embora e meu igualmente querido cachorro também. tudo mudou muito nesses sete anos, como é normal e esperado. só que apesar de todas as coisas que mudaram, desapareceram, e apareceram, essa pessoa que eu sou agora não faz parte de nada disso- nunca fez. é esquisito pensar assim, porque eu sou a pessoa que eu sempre fui, como é totalmente inevitável na minha condição de ser humano. mas talvez pensando de um jeito um pouco diferente tenha um pouco mais de sentido, olha: eu nunca tive esse tamanho dentro dessa casa. é, acho que assim fica melhor. eu cresci e mudei tanto nesse um ano e meio que morei fora (e não é que eu saiba explicar concretamente de que mudanças estou falando, é um simples sentir-diferente, um saber-que-mudei), que agora quando volto pra esse lugar (que apesar de mudado continua sendo o mesmo lugar), eu me sinto esquisita. também não é que eu não caiba, nem que eu não me sinta em casa. nada disso. me sinto confortável, e onde-eu-deveria-estar. mas é esquisito mesmo assim. essa pessoa que eu sou agora nunca esteve nessa casa. essa casa não me conhece como eu sou agora. as pessoas em volta também não. é esquisito. essa é minha cidade. minha casa. as pessoas da minha vida. esquisito.

3 comments:

Flávia Onaga said...

i'm glad you're back.

Rebecca Loise said...

Entendo tanto. Caio Fernando Abreu também: leia 'Os dragões não conhecem o paraíso!'

:*

Rebecca Loise said...
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