8.12.09

uma carta- que eu nunca escrevi.

dear _,
acho engraçado como as coisas da vida sempre vão se superando, e como quando parece que a nossa tristeza é a maior do mundo de repente um dia a gente fica tão triste que não se lembra de ter sentido antes tanta tristeza, e aí a gente tem certeza de que aquela sim é a maior tristeza do mundo. talvez eu que seja mesmo exagerada, e disso sempre soubemos, mas acho mesmo que é algo que acontece com todo mundo pelo menos uma vez na vida: a gente acha que a nossa dor é a maior do mundo; que ninguém entende a nossa solidão; que ninguém nunca chorou tanto, nunca se drogou tanto pra esquecer da vida, nunca quis tanto parar de viver. e é sempre mentira, não é? acho que você me ensinou que se eu sou especial não é na minha dor, não é na minha tristeza: que isso todo mundo tem. que o meu brilho está nos meus dentes de baixo, no meu sorriso espontâneo, no meu amor e na minha saudade; no momento em que eu te olhava nos olhos e você sabia que eu tinha me deixado conquistar, que não havia mais defesas nem nenhuma dessas bobagens de quem tem medo de sentir demais- ou de menos. é que agora estou sentindo, e pensei nisso tudo porque, assim como nas tristezas, comecei a ver superação também nas coisas boas, e quando parecia que gostar de alguém implicava dor, tensão e peso, de repente descobri uma leveza tão bonita. queria te contar dessa leveza, e de como é gostoso sentir coisas verdadeiras por alguém sem me machucar pelo simples sentir: de como esse sentir não precisa desestruturar- e mesmo assim não ser morno. isso é tão novo pra mim, e tão bonito, que quis que você soubesse. porque gostar de você sempre me doeu, nosso amor sempre foi difícil. todos os meus amores foram tão pesados e tão cheios de atrito que queimavam. quando não era assim, era morno demais pra me mover, pra me envolver. acho mesmo que é a primeira vez na vida que consigo não ir pros extremos, e descobri como gosto desse meio termo, que é cheio do calor que me move, que me envolve, que me faz deixar conquistar, mas sem o atrito que machuca e que transborda: sem o peso. não sei por quê você, não sei mesmo. sei que quando vi que agora era assim quis te contar, quis te falar, quis te mostrar que as coisas podem ser diferentes (não que você não soubesse, quem não sabia era eu). quis te contar do meu amor, que dos teus eu já não sei.
yours truly, _.

1 comment:

Nah Safo said...

putz... que lindo. =´]

não sei o que dizer, além.