30.4.08

quando escondo a minha olheira

gastei quase trinta pesos num creme anti-olheiras. nao que seja muito dinheiro (principalmente no mastercard que meu pai paga), mas dá uma dorzinha de pagar isso num pote que é menor que meu dedo indicador. tudo bem, pensei, afinal se usa muito pouco por vez, e esse pote vai durar bastante tempo, pra algo que vale a pena. eu já nao aguento mais me ver com olheiras tao feias: durmo, durmo, durmo, e nada nunca muda. já passei diferentes pomadas, já busquei melhorar a qualidade do meu sono, a quantidade de horas que durmo (pra mais e pra menos), nao uso absolutamente nenhuma droga, e já nao durmo com os olhos maquiados, mas nada disso fez a mínima diferenca nas minhas olheiras. talvez o creme, que é específico pra isso e é de uma marca bastante confiável, resolva o problema em algum tempo. mas acho bem possível que nao, e que elas fiquem pra sempre comigo, como uma cicatriz de um passado meio esquisito e borrado. porque sempre que a gente tenta esquecer alguma parte da nossa vida fica uma marca sempre presente, lembrando-nos frequentemente de tudo. e talvez isso seja saudável, em algum sentido. mas ah, por que eu tive que ser tao triste? agora essas olheiras de tristeza e insonia me acompanham até nos momentos mais felizes e bem dormidos de todos. será mesmo que todo mundo tem que saber que eu já fui triste um dia? as velhinhas no ponto de onibus, os funcionários do metro, os meus companheiros de faculdade, tem mesmo que olhar pra mim e ver, lá no fundo dessas olheiras (que sao tao incompatíveis com todo o resto do que se ve de mim), aquela tristeza tao grande de tempos atrás? talvez só eu veja, mesmo. mas de qualquer forma, nao gosto da idéia de ter algo tao aberto. nem de parecer insone quando na verdade ando tendo ótimos sonhos e noites de dez horas. mas eu ainda acredito no creme. sempre confio nos cosméticos. sempre.

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