8.10.10

(those days in the sun they bring a tear to my eye)

houve um tempo em que eu fugia dos fins de semana. eram dias sozinhos e longos, e eu fazia o meu melhor para que o tempo passasse o mais rápido possível (rápido o suficiente para não sentir nem pensar). durante a semana eu fazia o que tinha que fazer, me ocupava com as novas obrigações, e com tudo que tinha de novo na minha vida: era bastante coisa. esse é o tipo de situação que muda sozinha, num processo lento e imperceptível, e quando você vê tem novos amigos, novos amores, novos afazeres, novas novidades. e aí o tempo em que eu fugia dos fins de semana ficou pra trás, porque quando me dei conta já estava bebendo e dando risada numa varanda, ou reunida com todos meus amigos em alguma festa: o tempo passou e eu realmente não percebi.
agora fujo de todos os dias (só me restam os fins de semana). ao contrário daquela época, agora todos os meus dias são longos e sozinhos, e é o fim de semana que me ocupa e faz as horas passarem rápido, não me dando tempo para sentir ou pensar: nos fins de semana eu só vivo. de segunda a sexta passo as horas pensando em como não queria passar as horas pensando, e sentindo o mesmo que sentia lá, naqueles tempos em que os fins de semana eram os dias a serem evitados: _______. procuro algum conforto na noção de que o tempo, mais uma vez, vai passar sem que eu perceba, e de que estou sim vivendo um processo lento e imperceptível, que vai me levar pra alguma outra situação diferente dessa, em que os dias provavelmente serão menos assustadores e eu vou me desesperar menos olhando para o relógio. mas até lá

No comments: